terça-feira, novembro 30, 2010

Xi...vazou!

Tô com medo desse WikiLeaks. Pra quem não conhece, é um site na Internet que divulga documentos militares confidenciais dos EUA e outros países (embora a grande sensação seja o furdunço que esse site faz na vida da diplomacia americana).

Dessa vez, telegramas diplomáticos despachados desde a década de 60, foram expostos no site, causando grande dor-de-cabeça para a Sra. Clinton, já não bastase o peso de uma Monica Lewinsky na testa.

De toda a onda, eis a parte que realmente me interessa "Para EUA, Brasil oculta prisão de terroristas, revela WikiLeaks" notícia publicada no Estadão.com.br

Olha os EUA querendo dar motivo pra invadir nossa praia!
Roubar nosso pré-sal (existe, afinal?), nossa Amazônia, nossa água doce, samba, feijoada...

O Lula era "o cara", e a Dilma, vai ser "a mina" ?

Mina de ouro, né...

Ouro,café, água doce, fauna, flora...Até as bundas no Brasil estão em extinção. Até nossas beldades sonham com carreira internacional. "Fulana é top, foi morar nos States. Casou com gringo..." Ah, sai de mim com esse complexo de Paraguaçu!

Compro um Gurgel a álcool e vou viver de banana, mas por mim, passe bem gringolândia, cuidem dos seus que eu cuido dos meus. Bora treinar direito esse exército e fazer uma campanha patriótica REALISTA, não aquela maluquice de Copa do Mundo...

A gente já tem super-herói, né? Duvido que ia rolar aquela operação toda no Rio se o moral das tropas não estivesse lá em cima. E, quem além do Capitão Nascimento pra botar a população aplaudindo e gritando "Caveira neles!" pelos blogsflogslogs da vida?

Foi só mostrar que o mocinho pode ser tão ousado quanto o bandido, sentar e chorar não tá com nada. Capitão Nascimento é o antônimo de Profeta Gentileza. Truculência gera truculência. Até a palavra é truculenta de se dizer!Pára o mundo que eu quero desceeeeeeeeeeeeeer..!!

É, John... a gente tá dizendo, mas ninguém tá ouvindo. :P

sábado, novembro 27, 2010

Caos e efeito

É incrível isso que está acontecendo no Rio. Quer dizer, eu é que não quero acreditar. O mais difícil é pensar que, no ponto em que chegamos, a ação massiva de coação ao poder paralelo deve ser considerada uma coisa boa. Uma espécie de "dia do juízo" para os demônios e anjos caídos do tráfico.

Acho que só posso imaginar como é ser um desses agentes, viver uma guerra dessas, só eles sabem pelo quê estão lutando, dispostos a arriscar a própria vida e a de tantos outros, culpados ou inocentes...Acho que só posso imaginar como é ser uma dessas pessoas de bem que descem o morro com filho no colo, mãe idosa, irmã grávida, gente que já trabalha muito e sofre demais, e agora não pode sequer ficar no próprio cantinho, desce pro asfalto sem ter pra onde ir, mas a gente se vira, o negócio é ficar vivo.

Penso naquele senhor meio desdentado, 80 anos, que mora no morro desde que era um subúrbio lindo, cheio de colinas e nascentes. Ele está otimista, mesmo tendo que dormir na rua com a filha, o neto e a companheira, acha que quando voltar para casa, o morro terá mudado para melhor. Sua filha nada responde, mas ela não concorda com o pai. Nasceu e pariu em meio a realidade violenta do tráfico. Ali não tem polícia, nem tanque que resolva. Ali, só Deus.

Não é de adimirar que o Brasil tenha elegido para herói o lendário Capitão Nascimento. As palmas no cinema são a mais legítima manifestação de que o povo está tão cansado da situação, que já justifica a violência.

É, Brasil, nem todos somos culpados. Mas todos pagamos caro, de um jeito, ou de outro...

"Abre a janela da favela...você vai ver a beleza que tem dentro dela..." Ponto de Equilíbrio

O documentário Meninas , sobre a dimensão do problema da gravidez na puberdade através da vida de meninas pobres e muito jovens -13,14,15 anos - moradoras do Morro dos Macacos, no Rio de Janeiro.

A delicadeza e originalidade da abordagem, respeitando o ponto de vista delas,um tanto romântico e infantilizado. A última cena traz um epílogo chocante, contrastando com o clima leve de todo o filme, tamanha a ternura com que a diretora tratou o assunto. Mesmo dentro de uma situação tão controversa quanto a dessas meninas-mães, ainda há momentos de grande beleza e emoção no filme.

Mas, não acreditem no que digo: assistam!

quarta-feira, novembro 24, 2010

Rosa McCartney e o Ninho de Mafagafos

São seis da manhã em São Paulo, a garoa se espalha no chão. Sabemos que a escolha da companhia aérea é uma decisão do cliente, mas ficar esperando bagagem dar a volta na esteira, ninguém merece.

Pisei em solo paulista ainda na pista - e por mais que rime, não seria verdadeiro expôr de outra forma. A mágica e misteriosa viagem através do Brasil foi concluída com êxito. Thank you leis da aerodinâmica!

Agora, a mágica misteriosa viagem através da cidade. São Paulo, minha São Paulo, my Saint Paul, Paul McCartney! Cada ônibus era um submarino amarelo e todos os cruzamentos se tornaram Abbey Road. Dá pra ir a pé da casa da minha mãe ao hotel onde Sir Paul se hospedou. "Alô,seu Beatle! Somos vizinhos!"

Chove chuva, chove sem parar...Upa! Sem Parar, aquele chocolate? Ah, se fosse assim, deixa chover..! Mas eu me sinto uma tremenda idiota enrolada nessa capa de chuva que mais parece um saco de lixo. E, quer saber? Tô toda molhada. Não adiantou piscirocas.

Não tem grana nem chuva que pague ir ao show de um Beatle com seus pais. Meus pais detestam futebol. São espiritualizados, mas não religiosos. Não freqüentam clubes, restaurantes nem trabalham em empresas afeitas á confraternizações. Negócio deles é (muito) poucos e (muito) bons shows. Meu irmão foi praticamente no colo para o primeiro show do Paul McCartney no Brasil. Eu voltei rouca e dolorida pra espalhar a novidade na escola.

Dessa vez não teve escola. Dormi até as 15h. Ainda bem que terminei o colégio em 1998.

Tudo bem in the rain, 64 mil pessoas no estádio e meu tio consegue ver lá da pista a minha lanterna diferente. Ser esquisito é legal quando se precisa de um destaque no meio de mais de 60 mil pessoas...

Showzaço. Somzaço. Pernadaço até achar um táxi livre. E preçaralho, claro. Por aquela quantia, dava pra alugar uma limusine numa segunda-feira qualquer.

Peraê, era segunda, mas não era qualquer.

Era a segunda apresentação do Paul!

Apresentação de primeira, inclusive. Babem, cariocas, mas o Paul ama os paulistas, que têm Paul até no nome..!

Essa doeu.

quinta-feira, setembro 02, 2010

Hipocrisia social

O que mais me deixa puta em ter "crescido" é entender o que significa TER de aceitar certas normas de conduta social. Pois é,nem precisei chegar aos 30 pra entender que rebeldia adolescente é puro luxo, acreditem meus caros amigos de 16 anos:o mundo lá fora é canibal e sua dieta básica é composta de autores de frases como "Eu nunca aceitaria uma coisa dessas!". Crescer é condescender com muita coisa, em nome de outras tantas, que nem passariam pela sua cabeça ocupada em sonhar com o bonitão da classe ou a carteira de motorista.

Por exemplo, este blog. Eu já fui uma blogueira de relativo sucesso, sabe? Isso quando eu não tava nem aí com o que os outros pensavam de mim. Muito menos em como iria afetar minha imagem respeitável de senhora casada e mãe, ou até minha carreira profissional. Hoje é isso: em nome da moral, dos bons costumes e de todas aquelas coisas que eu já contestei, tenho que aparar as arestas da minha personalidade quando uso meu nome em público. (curtiram o "quando uso meu nome..", né?;P)

Enfim, percebi que essa hipocrisia toda também tolheu minha criatividade. Quando leio esse blog,ás vezes tenho vergonha do que escrevo. Pô, cada post chato ue eu vou te contar! Aliás, já contei; é só ler pra crer.

Se eu fosse postar aqui tudo o que se passa pela minha cabeça, também, iam me tachar de maluca. Eu não posso mais me dar o luxo de receber hate mail. Imagina que chato? A gente não questiona nada quando alguém te odeia por ser o que é. Mas é muito chato ser censurada quando tentamos mostrar o melhor da gente.

É foda quando o melhor da gente é ser a gente mesma quando se é meio doido por dentro.

segunda-feira, agosto 30, 2010

Relatório #23

De boa? Esse planeta é coisa de maluco. Cada dia mais eu acho engraçado viver aqui.

segunda-feira, agosto 23, 2010

Delírios a 37º C

Estou com febre, acho que tô gripada de novo. Esse inverno me derrubou: definitivamente, eu desacostumei do frio de Sampa. Eu não gosto muito de frio, a não ser que possa ficar em casa, só enrolada no cobertor, na frente da lareira, assistindo a um monte de filmes legais. É a única coisa que gosto de fazer no frio, então, acho que posso me contentar em fazer isso só de vez em quando, ao invés de deixar de fazer coisas tão importantes quanto, que é andar pela calça descalça, num vestido de uma peça só, e achar legal quando espirrar água na nossa roupa. Sei que o clima é um fator determinante para a vida das espécies, e que não cabe a nós gostar ou não disso, mas... me adapto mais facilmente a climas quentes. Sou uma espécie de humana fotossintética ou algo parecido. Vai ver que é por isso que meu cabelo fica verde ás vezes.

*Não, não precisa chamar o 192, não, eu não tô delirando, sou maluca assim mesmo.*

Só que aqui em SP já é um frio bissurdo (bissurdo= que faz doer e tampar os dois ouvidos). E ainda essa febre a me gelar por dentro. Ótimo. Se não baixar já-ja, vou ter de tomar um banho morno. E vocês podem prever que, a derradeira coisa que eu desejo agora, é um banho morno.

Ainda mais que o chuveiro não tem box nem cortina. Vai vendo.

Bom, estou com os sintomas clássicos: nariz entupido, dores no corpo, febre baixa e sem-vergonha. Calma, não é H1N1. Deve ser esses resfriados bestas de entrar e sair de dentro dos lugares aquecidos para o frio extremo do sereno de Sampa. A gravidade dessa gripe depende muito da agenda do gripado: se ele tinha um compromisso social importante, por exemplo. Ou algo inadiável. Aí é uma porcaria. Mas, se o trabalhador é do tipo folgado e conseguiu uma desculpa para pegar um atestado e ficar em casa coçando o pé: maravilha!! Não precisa nem fingir. A parte ruim é que você provavelmente vai estar podre demais para aproveitar a folga extra. Mas ficar em casa também pode revelar grandes prazeres...

...como a cadeira de balanço, a lareira, o cobertor... e o ócio.

Já sei porque dizem que o inferno é quente. No frio a gente se sente tão mal que não dá vontade nem de pecar. (essa eu posto no twitter, pra reafirmar minha teoria. Pode ver que os países escandinavos têm índice de criminalidade muito menor que nos países tropicais. Isso é porque o frio não dá vontade fazer NADA a não ser sentir calor!! Por quê acham que os finlandeses amam sauna? Porque é tão frio, mas tão frio lá fora, que inventaram um jeito de poderem ficar lá.. só curtindo o suor pingando...

Se não fosse na sauna, finlandês suaria? (essa é outra pérola tuitável)

Paulista é viciado em trabalho. Seja calor ou frio (e geralmente é frio..!), tá sempre trabalhando. Já que o clima é uma porcaria e não dá pra curtir uma praia, melhor trabalhar que nem um doido pra poder comprar uma casa de praia no Rio... porque lá o clima é show, só tem gente bronzeada e a praia é logo ali...

aí, maluco trabalha, trabalha, trabalha... sobre na vida e no andar do escritório, sobr pra cobertura dos prédios no alto do Campo Belo, sobre na encosta do morro onde ele comprou sua casa de praia- a qual nunca tem tempo de freqüentar, porque está sempre trabalhando.
Aí chega o carioca... o carioca mora num barraco sem-vergonha no morro, mas acorda todo dia com a vista mais linda que o melhor 5 estrelas da cidade. Praia, marzão, tudo isso de graça, é sol e calor na maior parte do ano, gastar com roupa de frio pra quê? Dá pra fazer bico, vender sanduíche, bugiganga.. ou roubar aqueles gringos idiotas que vivem dando bobeira no calçadão. Ou não, menino até sonha em ser médico, advogado... mas pra fazer faculdade precisa de dinheiro, e dinheiro o tráfico dá. Não deixa de ser uma espécie de primeira opção. Bom, não estou aqui pra julgar nem promover uma discussão ética e filosófica sobre a criminalidade, o fato é esse: Se você não consegue se dar bem "no asfalto" porque falta diploma, currículo, documentação, etc... Não interessa: o tráfico é emprego fácil e garantido. E alguns ainda vêem vantagem em obter maior acesso ás drogas. É muito fácil sustentar um vício assim. Alguns são conscientes de que trabalham por e pela droga.Acho que esse é o tipo mais triste de se conhecer.

Ou seja, revisitando a eterna questão " se-o-Rio-é-mais-violento-que-SP", proponho a seguinte teoria: não é uma questão de violência, talvez seja uma questão de.. tráfico. *risos*. Lá tem mais traficante, mais drogas...

Ah, deixa eu parar com isso.. ninguém vai entender e os cariocas vão ficar chateados...Com razão, eu fico pê da vida quando um carioca fala qualquer coisa sobre SP que não seja boa...mas poxa, aceitemos a realidade: não dá pra comparar as duas metrópoles de forma tão generalizada. São duas realidades diferentes, óbvio que isso criaria dois tipos de pessoas...praticamente :)

quarta-feira, agosto 04, 2010

Banheiro virtual

Quer saber? Blog é legal. Dá pra escrever qualquer coisa. É como a latrina do pensamento: eu venho aqui, despejo toda a m... que tenho na cabeça e clico em "publicar postagem" . É como se fosse a descarga.

Ensaio sobre a viseira

Ok, cá estou eu novamente: felino no colo e nenhuma idéia na cabeça, a escrever pro vazio.
Mas tá tão frio que o negócio é ir mesmo postando e escrevendo qualquer coisa só pra esquentar os dedos.

Estava assistindo "Ensaio Sobre a Cegueira", o filme baseado no maravilhoso livro do Saramago. Aprecio o livro e o filme de formas diferentes. Acho que o filme é uma obra-prima do audiovisual por seus cenários, elenco, fotografia, figurino, atuação, trilha sonora, e por todos os motivos que levam alguém familiarizado com o meio a reconhecer quando uma produção é estruturalmente boa.

O livro é irretocável, e apesar do roteiro do filme ser excelente, não há comparação com a obra original, muito mais intensa e profunda na abordagem do tema. Não é como no filme, em que ainda é possível tentar desviar os olhos das cenas de extrema violência. Nas palavras de Saramago a descrição de todo aquele horror nos torna muito mais do que espectadores. É como se as palavras obrigassem nossa mente não apenas a ilustrar a situação, mas vivenciá-la. É doloroso, e por isso mesmo, genial.

Mas ao final o que fica é uma sensação ruim, pesada, que ao invés de se lavar na chuva redentora, perdura com o desfecho pressuposto da heroína do momento, angustiada pela cegueira após tanto tempo sem fechar os olhos para tudo o que ninguém deveria ver.

É dessa sensação e desse peso que estou tentando me livrar agora, perseguindo a criatividade e pensando em marmotas nos seus buracos. Está um frio picoléico e eu estou com umas 80 blusas, mesmo assim nada me anima a tirar a mão esquerda do bolso. E, se você está estranhando essa afirmação ou é novo aqui ou não me conhece- todo mundo já sabe que eu digito com uma mão só, mas isso é mais motivo de chacota do que habilidade. Anyway, em dias frios como hoje eu saio na vantagem: cinco dedos congelados a menos.

É... relendo esse blog dá pra entender a parca visitação.

quarta-feira, julho 28, 2010

Rascunho

Um passo, uma palavra. O negócio é sair escrevendo. Escrever é caminhar pelo verbo, ir em frente e sempre chegar em algum lugart interesante. Ou não. Passeando por meus jardins de palavras só para olhar as letras florescendo. Gosto disso. Dá uma sensação de paz.
Sempre penso em atualizar isso aqui, mas quanto mais busco um assunto, mais me foge a inspiração. Escrevo como quem anda de bicicleta: uma vez no ritimo, se parar, posso cair. O começo é sempre morro acima, mas na ladeira, solto os pedair para sentir o vento no rosto, a velocidade, o fluxo. Nessas horas, escrever é como voar.
Este é meu ninho, minha flor, meu blog.

segunda-feira, julho 26, 2010

CAMPANHA: DOE UM SORRISO PARA " ALINE" !!







Esta é Aline Fernandes (nome fictício). Uma jovem que, por causa de sua aparência, vive reclusa e recentemente apresentou traços de depressão. A recomendação de especialistas é ar fresco e injeçôes de autoestima regulares, mas seu quadro é tão grave que ela se recusa a sair e desenvolveu rejeiçâo ás injeçôes, o que têm agravado seu problema.
Graças á açôes entre amigos no Twitter e outras redes sociais, já conseguimos arrecadar o bastante para custear a série de cirurgias plásticas, incluindo o transplante de rosto, para esta pobre criatura. Mas venho através dessa campanha, pedir a colaboração de vocês no tratamento a base de SEMANCOL, um poderoso e raro medicamento que, acreditamos ser a única soluçâo para esse caso tão grave.

Sua melhor contribuição é o apoio, o carinho e a solidariedade a Aline. Por favor,enviem suas mensagens positivas para pikenice@gmail.com ou no twitter com a tag #sorriaaline

Doe um sorriso agora mesmo!

quinta-feira, julho 15, 2010

Bem-feito!!

Eu acho o fiofó usar o blog para publicar inimportâncias pessoais e depois reclamar da falta de adeptos. Mas é isso aí, c'est ma vie, e não há nada que eu possa fazer. Sou dona-de-casa, não arqueóloga investigativa.

sexta-feira, julho 09, 2010

VIVA OS BATALHÕES PAULISTAS DO EXÉRCITO CONSTITUCIONALISTA!

Nove de Julho é a luz da Pátria
Data imortal deste berço augusto
Os bandeirantes denodados
Deste São Paulo vanguardeiro e justo

Nove de Julho é a glória do Brasil
Cantado por São Paulo
Sob um lindo céu de anil

Nove de Julho é a luz da Pátria
Data imortal deste berço augusto
Os bandeirantes denodados
Deste São Paulo vanguardeiro e justo

Nove de Julho heróica é bela data
Marco inicial da jornada democrata
Piratininga terra do trabalho
Onde são reis, a enxada e o malho

Seu povo altivo vai espalhando
Amor pela Pátria e vai cantando
Solo querido, terra amorosa
Pátria de bravos, sempre formosa

quinta-feira, julho 08, 2010


A chama do amor cegou meus olhos
Só vejo teu rosto em cada esquina
Tua ausência é como a fome
Seguir tua luz, teu rumo,é minha sina,
Noites perdidas vagando ao luar
Sonhos guardados no fundo do peito
Por quantas vidas irei te buscar?
Estrela do tempo me ensina a esperar
Diz quem resiste a essa paixão
Quente ,indomável,força da vida
Cruzam o espaço,planetas e sois
Vontade e destino, dos deuses e nós!

quarta-feira, julho 07, 2010

SAVANA AOS 18 (2010)

...a maioria dos meninos à minha volta não valia tanto a pena assim.O único que ainda me deixava curiosa pra provar desse fruto era o loirinho da P3.Ah! Com ele eu sou capaz até de sonhar algo bem sujo, bem inconfessável, aquela coisa bem "noir", do cara que chega todo cheio de pose no bar e olha aquela garota com jeito de ordinária, encostada numa mesa de sinuca. Ele olha para ela com um jeito bem sexy e vem se aproximando, fixo no decote dela, que o encara cheia de desejo, e ele pergunta com aquela voz máscula...
-Tem fogo?
-Tenho... só não tenho cigarro!

Seria a desculpa para um beijo agarrado, e a história poderia partir daí para uma censura 18 anos, mas ali, na vida real da escadaria do cursinho, eu estava estática, embasbacada, totalmente imobilizada, mutificada, mumificada, zumbizenta e querendo MORRER de vergonha. Não sabia o que era mais inacreditável: o fato dele ter vindo falar comigo, ou aquela resposta altamente TOSCA que eu havia dado.
- Tá na mão!- ele puxou uma caixinha e me ofereceu cigaros. "Eu..." -comecei a falar, mas desisti. "Eu não fumo", afinal de contas, não era a mesma coisa que "Eu nunca fumei". Eu não perderia essa oportunidade, precisava oferecer esse sacrifício do meu pulmão a alguma coisa que valesse a pena. Conhecer o maior gatinho da Av. Paulista!

Colocamos os cigarros na boca, eu ainda não conseguia parar de sorir.
-Sim, e o fogo?
-Ah, é!

Comecei a revirar a mochila, procurando um "isqueiro". Óbviamente, não encontraria nada- não TINHA nada ali. Comecei a esboçar uma cara de injuriada "mas eu tinha CERTEZA de que estava aqui..!". Enquanto isso, passou um moço fumando, ele pediu o fogo, acendeu. Interrompeu minha "expedição" dentro da enorme mochila e pediu meu cigarro, para acender. Acendeu e me devolveu.
-Obrigada.
-De nada.

Mas ao invés dele virar as costas e ir embora, como a maioria dos alunos já havia ido, ele ficou ali, parado na minha frente. Primeiro eu tive a impressão de que ele estava me desafiando a dar a primeira tragada, como se soubesse que eu nunca havia fumado. Depois vi que ele estava apenas sendo agradável, puxando conversa.

-Fez o simuladão?
-Fiz, mas não peguei meu resultado ainda.
-Nem eu. É só um simulado.
-Mas os melhores lugares ganham prêmios.
-Não acho que estou em lugar de ser premiada.
-Nem eu.
- Vai prestar vestibular para quê?
-Ainda não tenho certeza.
-Nem eu. Olha quanta coisa temos em comum.
-A incerteza é uma coisa estranha de se compartilhar...
-Olhaí, já mostrou talento pra Filosofia.
-Todo maluco acha que é filósofo...

Ficamos ali conversando um tempão e fumando (a certo ponto eu pedi liçenca para ir ao banheiro e comprei um isqueiro, que "achei" na minha bolsa). Descobri muito mais que apenas seu sonhado nome.Quando o sol começou a baixar, é que nos despedimos. Ele me deu três cigarros "pra fumar enquanto esperava o ônibus". Assim que nos perdemos de vista, tirei da bolsa um tubinho de Vitamina C, coloquei a última pastilha no bolso, enfiei os cigarros e o isqueiro no tubinho e meti no outro bolso da calça largona de moletom branco.Coloquei os fones de ouvido, aumentei o volume, e os ruídos da cidade desapareceram sob o meu sonho. O ônibus virou carruagem e levou a princesa de volta a seu castelo, onde foi perdendo não apenas o sapatinho, mas as meias, a blusa, a camiseta, e toda a roupa no caminho até a ducha...
-Minina, não deixa tudo jogado desse jeito! - ralhou Maria, funcionária da casa desde que Savana era bebê.
-Ah, Mariazinha, hoje eu posso, que sou princesa. Acabei de encontrar meu Príncipe Encantado..!
-Ôxi! E ele já sabe disso?
-Tem coisas, Maria, que as pessoas não precisam saber...


********************

- Caraca, o cigarro!
Freei o carro na mesma hora. A Paola quase veio beijar o pára-brisa dianteiro.
-Tem cigarro aqui, sua noiada! - Brunette riu.
-Não, pô, eu esqueci meu cigarro no bolso da calça!E minha mãe vai separar a roupa suja antes de dormir, e vai achar!!- meu desespero se justificava por estar vendo perfeitamente a cena: minha mãe tateando os bolsos da calça, encontrando aquele tubinho de Vitamina C, abrindo para ver se estava vazio e -surpresa!- cai três cigarros e um isqueiro. Panorâmica e sobe, fechando no rosto dela. Vai, vai, no olhar. No olho. Na gota de suor escorrendo pelo canto do olho. E a voz furiosa em off:SAVANAAAAAAAAAAAAAA..!
-Tua mãe não sabe que você fuma?
-Paola, nem EU sei que fumo, esqueceu??
-Tá,tá,tá...Sem desesperoooo...Savana, quer voltar?
-Cê tá maluca que eu vou entrar em casa cheirando à maconha, e com o maior bafo de cachaça!
-Mas você não tava fumando!- testemunha Paola
-Nem bebendo! - emenda Paloma
-Há, há, há...ai, e agora, como eu saio dessa...- comecei a pensar mil coisas ao mesmo tempo, enquanto as meninas matraqueavam entre colheradas daquela gelatina envenenada. Eu sabia que aquilo não iria acabar bem, mas ia falar o quê?
De volta ao meu problema, peguei o celular e liguei para minha mãe.

-Oi, mãe. Faz um favor pra mim? Eu tô voltando pra pegar o meu cartão do banco, que esqueci na gaveta da escrivaninha lá atrás, você pode pegar ele pra mim e me entregar aqui no portão? Tô aqui na avenida, já. Valeu, mãe, te amo!

-O quê você tá fazendo, Ana?

Dei meia-volta no carro e desci a rua na contramão, à toda. Repassei o plano na minha cabeça: se quando me atendeu mamãe estava na sala (e deveria estar, porque era hora da novela), ela precisou esperar o próximo comercial, atravessar a casa, o quintal (o que era quase sempre um pouco demorado por causa dos quatro cães-fila de estimação), subir no meu apartamento, destrancar a porta, atravessar o quarto e fuçar na escrivaninha. Levaria uns 5 minutos. Eu precisava chegar lá em três. Mas acho que dava para fazer em 2 e meio.

-Savana, sua MALUCA, você vai matar a gente!
-Se eu não fizer isso, minha mãe vai ME matar!

Reduzi um absurdo para entrar no condomínio. Acho que demorei mais do portão do condomínio até em casa do que no caminho todo de volta. Mas eu não podia chamar a atenção. Já tinha sido ousadia demais essa escapadela.

-Fiquem quietas, pelamorrr! - saí do carro e entrei correndo pela lateral da casa, que ia direto á área de serviço. Minha mãe ainda estava indo buscar meu cartão. Nos encontramos quase na porta da lavanderia, mas por sorte, em lados opostos da piscina.

- Savana! Veio buscar..?
- Pode ir ver lá pra mim, mamãe? Eu vou olhar se não esqueci no bolso da minha roupa suja.
-Então vai lá no seu quarto que eu olho na lavanderia e aproveito para separar a roupa...
-NÃO! - é que...é que aí se estiver aqui eu não preciso subiiiir até lá, né... É que a gente tá atrasada, quer dizer, EU tô... -fui dizendo isso e correndo pra lavanderia. Minha mãe foi subindo para o quarto. Ela tá acostumada com isso: minha família inteira, quando está com pressa, não fala coisa com coisa...
Mexi em dois cestos da minha altura, cheios de roupa suja, para me tocar de que mamãe separa as roupas brancas numa outra bacia. Achei. Enfiei a mão no bolso, resgatei minha "vitamina C" e saí vazando:
-Achei, mãe! Tchau, já vou!
-Vai com Deus, minha filha! - ela berrou lá do apartamento.Com certeza não tinha nem chegado até a escrivaninha, ainda.

Voltei para o carro, que agora parecia um café holandês. O pote com a gelatina estava vazio, e aquelas quatro idiotas ainda queriam ficar MAIS doidonas?

-Ei, a noite tá só começando, turma.
-Pois éééééééé..! -repetiram as gêmeas, com uma preocupante e equivocada empolgação.

**********

Acordei com tanta dor-de-cabeça que nem conseguia abrir os olhos. A boca estava ressecada e com gosto de pneu de caminhão.Parabéns, Savana, essa é a sua primeira ressaca!- eu cuidaria para que fosse a última. As últimas 24 horas estavam parecendo rumspringa. Aquele ritual amish onde os adolescentes experimentam a vida longe de sua cultura rígida.
A voz forte do meu pai ressoava por toda a casa e fazia vibrar meu cérebro alcoolizado. Mesmo ali do apartamento dava para ouvir claramente aquele seu tom de descontentamento. Por causa do seu tom de voz, meu pai não falava: trovejava. Não gritava: rugia. Me assustei. "Pronto, agora eles descobriram tudo, e estão discutindo para qual colégio interno ou país muçulmano vão me mandar pro intercâmbio!"- pensei.
Vesti o roupão por cima da camisola e fui atravessando o quintal cautelosamente, tentando compreender melhor sobre o quê esbravejava meu pai

-Mas como, meu bem, você esqueceu de olhar os bolsos da roupa suja, e a Dona Maria não olhou também?
-Não, amor, eu sempre olho, mas ontem a Savana passou aqui e eu me atrapalhei...
-Era minha melhor camisa de reunião, eu queria usá-la hoje..!O quê são essas manchas laranjas?
-Não sei, amor, só tinha peças brancas na máquina, com certeza ela deve estar com algum defeito..!

Defeito eu não sei. Mas se era gripe, passou...

terça-feira, julho 06, 2010

Júlia em: KUNG-FU PANDA : Mestre Oogway


Ela tem três anos e adora Filosofia...e cereais!Eis um dos motivos pelo qual é delicioso assistir desenhos com minha filha para poder "debatê-los" depois!


Júlia entra na cozinha e começa a fazer perguntas sobre o Mestre Oogway, a tartaruga centenária e sábia de “Kung Fu Panda”. Depois de passar meia hora enrolada em tentativas de explicar por quê o Mestre Oogway “subiu”(ao céu), Júlia tenta escapulir da cozinha levando o cabo da minha vassoura.
-Devolve isso aqui, você não é o Mestre Oogway!- tratei de resgatar o que a Julia quis fazer de bengala.
-Mãe, por quê o Mestre Oogway usa isso?
-Pra se apoiar, filha. Para auxiliar a ficar de pé.
-Por quê ele não consegue ficar de pé?
-Porque ele é muito velhinho.
-Por quê ele é muito velhinho?
-Porque ele já está há muito tempo na Terra.
-Por quê?
-Porque chegou antes de nós.
-Por quê?
-Não sei, mas deve ter um motivo.
-O destino?
(quase engasgando)
-É, talvez.
-O destino dele é derrotar o Tai-Lung.
-Esse é o destino do Panda. O do Oogway era treinar o ShiFu, pra ele aceitar treinar o Panda.
-Não era o destino da Tigresa?
-Não. Por isso inclusive, que ela e os outros foram lá enfrentar o Tai Lung e apanharam, se machucaram...
-O ShiFu falou pra eles não irem, né?
-É, mas eles desobedeceram.
-Mãe?
-Sim, Juju?
- A Cely tem um boneco do Mestre ShiFu, compra um pra mim também?
-Quem sabe, Julinha, quem sabe..!



Não adianta apenas oferecermos filmes inteligentes às nossas crianças, é preciso saber é como estas mensagens são compreendidas. Para ter acesso aos nossos filhos não adianta só conhecer o mundo onde eles vivem, precisamos nos esforçar para conhecê-lo e identificar como eles o conhecem.
E isso é simplesmente mágico..!

Maquininha de escrever

Estava lendo uma matéria sobre pessoas que ainda usam a máquina de escrever, gravam em K7, fotografam e filmam com câmeras antigas... Os autores do texto chamaram isso de "cultura de resistência". Agora já sei que meus pais não são malucos parados no tempo: são (como o nome em si já evoca uma banda das antigassas) "Heróis da Resistência".
Se vocês acham que "maquina de escrever"é uma coisa do "tempo do Onça", pois eu aprendi a datilografar em uma de 1835 ou 1935 (está gravado o ano bem na frente dela, uma Remington, mas não me recordo exatamente.). Não que funcionasse maravilhosamente, mas dava para escrever coisas nela. Ainda deve dar, se eu me interessar em montar uma expedição à garagem da casa de meus pais, resgatá-la e dar-lhe uma bela limpeza. O que eu mais gostava nela, é que além do preto ela escrevia em vermelho, verde e amarelo. Mais chique, impossível.
Nunca tive máquina de escrever elétrica. Lembro de uma amiga - Michelle Dariva, de muitas pizzas e confusões - que tinha uma no quarto. Eu achava aquilo mágico. Mas demorei muitos anos para sair do velho caderno-e-caneta. Mesmo depois que tivemos um 386 (que acho que nem tinha processador de texto) e depois um Compaq Presario com Pentium II (ooooooh!!) - eu ainda preferia escrever à mão. Foram os blogs que me acostumaram a ser criativa no teclado - além de ser muito legal poder escrever conversando com umas cinco pessoas ao mesmo tempo no MSN. Eu sou ótima em multiconversas: sempre sobra papo pra todo mundo!! O Fúlvio disse que vai fazer uma petição no Orkut: "BOTÃO OFFLINE PARA A ROSINHA!", mas aí, como vão ficar as reuniões da turma? "É DE CAROÇA!" , "OLHA O GATO!", 'DE VINTE, PAPAI!"..?? Ah, fala sério!

terça-feira, junho 29, 2010

REVISTA INTERA: As novas páginas da música em Manaus

Aconteceu sábado (26) no Espaço Cultural Valer, o lançamento da REVISTA INTERA: uma novidade que vem resgatar, divulgar e impulsionar o cenário local da música que fala alto e tem muito a dizer. Com jeito de fanzine e produção de "gente grande", a revista Intera surgiu como um sonoro cala-boca a quem diz que Manaus não tem rock e no Norte só tem Boi-Bumbá.

Embora a revista não fique devendo em nada no visual e na diagramação descolada, bem ao estilo de seu público-alvo, o ponto forte da Intera com certeza são os textos. E que textos! Ainda que a quantidade de letrinhas possa assustar os menos entusiastas da leitura, a qualidade das colunas, matérias e entrevistas supera de longe qualquer expectativa, provando de uma vez por todas que não só é possível como necessário levar a sério um cenário tão rico quanto desacreditado que é a música local, independente, alternativa, que todo mundo conhecê mas ninguém vê. A Intera chegou para mostrar, botando os Platinados na capa e fazendo jus a cada nome, rosto e som que vêm no recheio, no rock, no rap, na música eletrônica...

Meus anos de trabalho na divulgação da cena underground de São Paulo me mostraram que este é um meio onde pululam boas idéias e faltam iniciativas. Agora Manaus tem - literalmente- nas mãos, a oportunidade de fazer vingar esse projeto nascido "das reuniões de sábado à noite, das discussões via Internet,na troca de idéia, de informação, na briga ou na diversão" - como o jornalista Thiago Hermido assina no primeiro editorial. A também editora da Intera, Renata Paula, creio que dispensa apresentações. Se alguém que se diz "do meio" não conhece, nunca ouviu falar dela e de sua atuação de responsa no cenário cultural manauara,esse alguém não vale nem os R$ 2 que custa a revista...

Pra completar, uma seção de classificados dá aquela força pra conectar quem precisa vender, comprar ou arrumar uma banda (os anúncios dessa seção são gratuitos), e a última página traz a crônica de "Mark Bloch e Sua Guitarra Voadora", uma historinha bem ilustrada que prenuncia uma continuação. Como esperamos que continue a própria revista INTERA, em apresentação e qualidade, cumprindo essa promessa de impulsionar ainda mais alto uma cena que há muito já pode voar com suas próprias asas.


CONTATO

E-mail
revistaintera@gmail.com

Twitter
www.twitter.com/revistaintera

Mini- Mim



Nunca fui uma boa jardineira.Sem contar os feijões que fazia brotar em potes de Danoninho na escola, nunca consegui cultivar por muito tempo qualquer planta que fosse. Na verdade, dei como encerrada minha insistência quando consegui matar um cacto.
Então, por ocasião de meu casamento, meu amigo Henrique presenteou-nos com uma mini-roseira. Linda, cheia de pequenas rosas vermelhas, exibidas, exuberantes. Olhei para elas com o encanto e o receio de quem recebe um recém-nascido.

Com carinho e cuidado, dispensei a elas todo a atenção que achava necessária a uma planta de aparência tão delicada: sombra, água, um pouco de adubo. Mas as rosinhas secaram, caíram e não queriam mais brotar. Mesmo assim, todas as manhãs, regava o pequeno vaso com uma certa tristeza, penalizada por não saber fazer vingar sequer uma flor dada com tanto carinho.

- Rosinha, o que você tem? Eu sou Rosa também, devia saber cuidar de você, mas você é folha e flor e eu sou carne. Me diz o que você gosta, que eu já não sei mais o que fazer.

Nenhuma resposta. Suspirei para o silêncio com o sol da manhã manauara batendo em minhas costas. Esse sol de bem cedinho, gostoso de sentir. Desejei não ter serviço e poder ficar "lagarteando" por horas, como tanto me faz feliz.
Já ia entrando quando deu um "estalo" na minha cabeça: talvez a rosinha goste desse sol também. Tirei o vaso da sombra onde o mantinha. "Eu gosto disso, quem sabe você goste também".

Ás dez em ponto, levei-a de volta á sombra " Depois você volta. Nesso horário o sol é muito forte, pode te fazer mal.". Levei-a para a área de serviço, fiquei lavando roupa e conversando com ela. "Os vizinhos vão achar que sou maluca. Vamos ouvir um pouco de música, rosinha, quem sabe você goste também".

Coloquei música, cantei junto. No fim da tarde, coloquei a rosinha novamente no sol, como prometi. Naquela noite, resolvi deixá-la "dormir" no sereno. É tão bom dormir ao léu em noites tão estreladas como aquela!

-Boa-noite, rosinha! - disse, antes de entrar.

No dia seguinte (impressão minha?) - a rosinha parecia mais verde e folhada. Descobri encantada dois pequenos botões. Quase beijei os brotinhos, batendo palmas de tanta alegria. Talvez agora eu consiga finalmente fazer uma flor brotar nesse mundo. Talvez não fosse mesmo difícil para a Rosa aprender o que a rosinha gosta. Um pouco de sol e sensibilidade. Ora, e quem não gostaria disso?

Pátria de Chutados



Não sei se o Brasil é o único país do mundo onde se dispensam funcionários e pára-se a produção por causa de jogos de futebol, mas não duvido que seja. No fundo, o negócio do brasileiro não é nem futebol: é carnaval. Pode ver: até em época de eleições o negócio é fazer barulho, carreata, ligar o som alto, pintar a cara e sair por aí agitando bandeiras e jogando papel picado para cima. Copa não é só futebol, é churrasco, é bebida (para alguns é bebedeira) , é reunir os amigos, a família, os vizinhos, o país inteiro colocando em pauta, aos berros, a reputação da mãe do juiz.
Cristãos não brincam o carnaval, e tem muito brasileiro que não se preocupa em exercer sua cidadania sequer indo ás urnas, mas copa, ah! Todo mundo gosta, vê, torce, ri, se descabela, pinta a cara, a casa, o carro, o cachorro de verde-amarelo, põe bandeira na janela, até bota a mão no peito pra cantar o Hino Nacional. Ah, se fosse a mesma coisa na Semana da Pátria, que quase ninguém mais lembra quando é!

Mas, em lugar de me lamentar, aproveito. Boto minha bandeira, canto meu hino, saio de verde-amarelo transbordando a honra de ser brasileira e agora - só por agora - ninguém acha que sou maluca.

quarta-feira, abril 07, 2010

Imprevistos...

Ainda bem que este blog só ia durar uns meses.
Posso afirmar com convicção que ele talvez tenha se tornado o registro online mais fiel dessa fase de transformação completa da minha vida. Ele nasceu com o amor que foi o verdedeiro gatilho dessas mudanças e que me guiou até aqui. Sou feliz hoje, muito mais que naquela época. Sou mais completa, mais madura, aprendi um tanto. E já sei que sempre estarei aprendendo.

Hoje acordei apaixonada pela minha vida.

terça-feira, abril 06, 2010

O Vale da Morte

Uma das visões mais marcantes da minha infância é a chama da torre de Cubatão em meio ao nevoeiro da Mata Atlântica, prenunciando a paisagem estranha: Cravada em meio às maravilhas da Serra do Mar, a caveira cinza das indústrias, sempre rodeada por um manto tóxico.Eu era muito pequena para compreender o real significado daquilo, mas minha lógica infantil já me levava a ser assombrada pelos dutos que desciam junto à encosta. Ah, quantos pesadelos tive com estes dutos..!
Eu amava ir ao litoral com a minha família. Arregalava os olhos para cada palmo da estrada de São Paulo até a Praia Grande, litoral Sul. Sabia onde estava cada túnel,cada cachoeira, os melhores panoramas. E também sabia que, em algum ponto do caminho, veria os tanques, as torres e contêineres de uma cidade onde parecia não viver ninguém.

Neste ponto da viagem, era comum meu pai contar histórias medonhas de crianças nascidas sem cérebro, de deformações causadas pela poluição, de cabras nascidas com oito patas... Éramos muito novos, mas já entendíamos dessas coisas de radiação, poluição, a intervenção do homem de forma desastrosa no meio ambiente. Chernobyl era fato recente, e meus pais sempre conversaram com a gente sobre tudo, seguindo o ritimo dos nossos interesses e perguntas- que nunca ficavam sem resposta.Ok, talvez algumas dessas respostas possam causar alguns pesadelos, mas são as questões que nunca serão menos difíceis de engolir, mesmo. Talvez seja uma boa forma de criar uma geração com mais consciência ecológica: contando histórias de terror ambiental para as crianças...

Comigo funcionou. Eu olhava, vidrada, o "Vale da Morte". Suas construções cinza em contraste com a linda floresta pareciam um castelo de vilão de conto de fadas, permanentemente envolto por uma bruma venenosa. Era uma vez um lugar maravilhoso, pujante em recursos naturais, vasto de mangues ricos em biodiversidade, onde os rios encontram o mar.Aí chegou o Lorde Ganância, pisou nas flores, derrubou as árvores, queimou a casa dos animais, destruiu o delicado ecossistema do vale envenenando seus rios e contaminando suas fontes. Trouxe consigo muitos escravos-zumbis, e logo surgiram muitos outros, que se submetem ao Lorde Ganância para poder sustentar-de forma precária- sua família. Por um pouco de dinheiro, o escravo-zumbi entrega sua saúde e a de sua família. Sua energia para ser drenada em prol de uma causa absurda que causará danos irreversíveis para os quais o arrependimento será global e tardio.

Cubatão, onde o vício em dinheiro disfarçou-se sob o nome de "progresso", onde a sede pelo poder foi infinitamente maior que o bom-senso, monumento futuro à arrogância do homem em seu sonho ilusório de supemacia...Cubatão, tenho medo de ti, por tudo o que representas, mas tenho ainda mais medo daqueles que não enxergam teu sinal...A tragédia humana nas vidas dos que te habitam já vai muito além do Socó e das crianças deformadas: são cidadãos de uma terra fundada em honra a um falso Deus, um reinado de ambição erguido sem qualquer respeito às verdadeiras riquezas que lá outrora existiam. Um patrimônio essencial foi destruido. A máquina de destruição não poderia encontrar local mais estratégico. E, pelo benefício de poucos, muitos são massacrados. É um sistema cruel, o que permite isso.

Sinto uma coisa estranha no peito, uma certeza de que a Mãe Natureza, que têm dado mostras do fim de sua tolerância com esse tipo de abusos, vai cobrar em breve pelo erro de Cubatão. Um preço do tamanho desse erro, do tamanho da dor de todas as mães das crianças mortas ou anacéfalas, proporcional à riqueza dos mangues agora depósitos de lodo tóxico, um preço que só irá se pagar quando a Serra do Mar tiver conseguido erradicar de vez o rastro humano em seu território. Mas o tempo da Natureza é eterno. o nosso é limitado, e muito curto. Talvez eu viva para ver Cubatão sendo engolida por deslizamentos, sufocada por seus tóxicos ou ardendo em suas chamas. Mas é certo que nesta vida não poderei vê-la como era antes mesmo de eu nascer, antes da indústria chegar, caminhar descalça em seus mangues, beber água de qualquer bica.

É, meu amigo... "a humanidade que salve a si mesma..."

quinta-feira, março 18, 2010

Pelo direito de ser...SIMPLESMENTE MULHER!!!

Pelo menos no tocante ao Brasil, o feminismo foi uma das piores catástrofes sociais da história. Que me perdoe minha querida Tintti,grande amiga e militante da causa, que conheci durante minhas aventuras na gélida Finlândia. Aqui nos trópicos, a coisa não é tão florida assim. Talvez também não seja em qualquer outro lugar do mundo- mas só posso falar do que conheço.
E o que conheço é uma geração antropofágica de mulheres numa constante competição entre si e com elas próprias. Mulheres que pensam ser mais livres, porém são mais escravas que quaisquer outras. Mulheres que desprezam a própria essência feminina,que, ao longo dos anos em busca de equipararem-se aos homens, acabaram por nivelar-se por baixo, recusando tudo o que as faziam seres mais sofisticados, de sentimentos e atitudes mais refinados.

As mulheres de hoje retardam a maternidade para quando já estão entrando no declínio da idade reprodutiva. E põe a busca pela eterna juventude à frente da busca pela sabedoria da experiência.O papel da mãe e dona-de-casa é ridicularizado, considerado última instância, falta de opção, "sina" das ignorantes, analfabetas e obsoletas.

Provavelmente a avó que foi às ruas pelo direito de votar e trabalhar por um salário digno não imaginou que sua filha queimaria sutiãs em praça pública pela liberdade sexual. Imagino o que se passa pela cabeça dela ao ver os valores e ideais defendidos pela neta de 13 anos...


A mulher tem que ser independente, trabalhar fora, ter formação.Mas, se for bonita e tiver um belo corpo,o conteúdo passa a ser irrelevante para o sucesso. Em se tratando de mulheres consideradas importantes da nossa época, a aparência parece sempre superar o conteúdo. Vejamos a cultuada Megan Fox, atriz de pouco talento, caráter notadamente duvidoso, atitudes lamentáveis e uma beleza estonteante. Ela pode ser horrível por dentro, mas quem liga? Todos querem tê-la, todas querem sê-la.


Aprendemos não devemos nos apegar a nenhum homem nem se prender aos filhos. Tivemos isso tão incutido em nossas mentalidades, que se refletiu em homens que não valorizam as mulheres como esposas e filhos que não reconhecem o valor das mães. Mais triste do que uma jovem que acha absurdo cozinhar e põr a mesa para o marido, é um rapaz que diz jamais querer se envolver com uma garota que prefira as prendas domésticas à uma carreira profissional.

Vejo a situação deste início de século XXI como uma oportunidade para se equilibrar estes valores. Iniciar uma luta pelos direitos de sermos verdadeiramente mulheres. Lutar pelo direito de NÃO optar por uma carreira profissional que exclua uma vivência familiar saudável. Pelo direito de ficar em casa educando nossos filhos, sem ser julgada com desprezo pela sociedade. Lutar por não ser rotulada segundo o número do manequim, não ter a inteligência medida pelo valor de um salário.

E, concluindo, faço questão de frisar a um possível leitor que hoje, aos 30 anos, não penso em mim como nenhuma ignorante, desafortunada ou infeliz por ser dona-de-casa. Na verdade, considero um privilégio muito grande não ser obrigada financeiramente a ter um emprego assalariado, e poder me dedicar inteiramente à minha casa, ao meu marido e à minha filha. Não depender de uma faxineira também é uma oportunidade de independência. Que espécie de independência é a de uma pessoa que nunca tentou fritar um ovo ou lavar a própria roupa..? Não preciso de um patrão me dizendo o que fazer ou não fazer: eu conheço as vantagens e prejuízos de cada ação minha para eu e minha família. não trabalho por dinheiro, e sim por amor. A gratificação é imediata, e o reconhecimento, às vezes pode até vir com o tempo, mas vem com uma solidez que poucas carreiras podem garantir.

Continuo com minha produção intelectual e profissional, eventualmente até ganho dinheiro com isso. Mas fazer o almoço da minha filha e vê-la sorrir, isso patrão nenhum paga.Saber que meu marido já comeu nos melhores restaurantes, e acha o meu arroz o melhor do mundo.

E aí? Quem ganha mais que eu?

*risos*