terça-feira, junho 29, 2010

Mini- Mim



Nunca fui uma boa jardineira.Sem contar os feijões que fazia brotar em potes de Danoninho na escola, nunca consegui cultivar por muito tempo qualquer planta que fosse. Na verdade, dei como encerrada minha insistência quando consegui matar um cacto.
Então, por ocasião de meu casamento, meu amigo Henrique presenteou-nos com uma mini-roseira. Linda, cheia de pequenas rosas vermelhas, exibidas, exuberantes. Olhei para elas com o encanto e o receio de quem recebe um recém-nascido.

Com carinho e cuidado, dispensei a elas todo a atenção que achava necessária a uma planta de aparência tão delicada: sombra, água, um pouco de adubo. Mas as rosinhas secaram, caíram e não queriam mais brotar. Mesmo assim, todas as manhãs, regava o pequeno vaso com uma certa tristeza, penalizada por não saber fazer vingar sequer uma flor dada com tanto carinho.

- Rosinha, o que você tem? Eu sou Rosa também, devia saber cuidar de você, mas você é folha e flor e eu sou carne. Me diz o que você gosta, que eu já não sei mais o que fazer.

Nenhuma resposta. Suspirei para o silêncio com o sol da manhã manauara batendo em minhas costas. Esse sol de bem cedinho, gostoso de sentir. Desejei não ter serviço e poder ficar "lagarteando" por horas, como tanto me faz feliz.
Já ia entrando quando deu um "estalo" na minha cabeça: talvez a rosinha goste desse sol também. Tirei o vaso da sombra onde o mantinha. "Eu gosto disso, quem sabe você goste também".

Ás dez em ponto, levei-a de volta á sombra " Depois você volta. Nesso horário o sol é muito forte, pode te fazer mal.". Levei-a para a área de serviço, fiquei lavando roupa e conversando com ela. "Os vizinhos vão achar que sou maluca. Vamos ouvir um pouco de música, rosinha, quem sabe você goste também".

Coloquei música, cantei junto. No fim da tarde, coloquei a rosinha novamente no sol, como prometi. Naquela noite, resolvi deixá-la "dormir" no sereno. É tão bom dormir ao léu em noites tão estreladas como aquela!

-Boa-noite, rosinha! - disse, antes de entrar.

No dia seguinte (impressão minha?) - a rosinha parecia mais verde e folhada. Descobri encantada dois pequenos botões. Quase beijei os brotinhos, batendo palmas de tanta alegria. Talvez agora eu consiga finalmente fazer uma flor brotar nesse mundo. Talvez não fosse mesmo difícil para a Rosa aprender o que a rosinha gosta. Um pouco de sol e sensibilidade. Ora, e quem não gostaria disso?

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