sábado, novembro 27, 2010

Caos e efeito

É incrível isso que está acontecendo no Rio. Quer dizer, eu é que não quero acreditar. O mais difícil é pensar que, no ponto em que chegamos, a ação massiva de coação ao poder paralelo deve ser considerada uma coisa boa. Uma espécie de "dia do juízo" para os demônios e anjos caídos do tráfico.

Acho que só posso imaginar como é ser um desses agentes, viver uma guerra dessas, só eles sabem pelo quê estão lutando, dispostos a arriscar a própria vida e a de tantos outros, culpados ou inocentes...Acho que só posso imaginar como é ser uma dessas pessoas de bem que descem o morro com filho no colo, mãe idosa, irmã grávida, gente que já trabalha muito e sofre demais, e agora não pode sequer ficar no próprio cantinho, desce pro asfalto sem ter pra onde ir, mas a gente se vira, o negócio é ficar vivo.

Penso naquele senhor meio desdentado, 80 anos, que mora no morro desde que era um subúrbio lindo, cheio de colinas e nascentes. Ele está otimista, mesmo tendo que dormir na rua com a filha, o neto e a companheira, acha que quando voltar para casa, o morro terá mudado para melhor. Sua filha nada responde, mas ela não concorda com o pai. Nasceu e pariu em meio a realidade violenta do tráfico. Ali não tem polícia, nem tanque que resolva. Ali, só Deus.

Não é de adimirar que o Brasil tenha elegido para herói o lendário Capitão Nascimento. As palmas no cinema são a mais legítima manifestação de que o povo está tão cansado da situação, que já justifica a violência.

É, Brasil, nem todos somos culpados. Mas todos pagamos caro, de um jeito, ou de outro...

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