terça-feira, dezembro 16, 2008

Desenterrando mil mortos...

Eu e as tragédias em volta da minha vida.

Andraus e Joelma (e eu nem era nascida).Morte de Ayrton Senna (um trauma ao vivo). Mamonas Assassinas (ainda dói). TAM 402 (essa foi perto). GOL 1907 (caminho para casa). TAM 3054 (perto demais).

O Crime da Rua Cuba (lembro de tantos jornais...) Massacre no Carandiru (isso está acontecendo mesmo?).Assassintato de Daniella Perez (paixão por um cadáver) Mansão Richthofen (o assassino mora ao lado), Carla Ceppolina (ô vizinhança boa!).Isabella Nardoni, descanse em paz.


Será que sou maluca, ou apenas a confirmação de que o ser humano tem fascínio pela morte? Violenta, visceral, suja, trágica. Morrer de velhice é bénção. De tragédia é entretenimento.

Quantas vezes, da janela frontal da casa no Jd. Aeroporto, vi os aviões decolando e eu quase torcia para que não subissem. Queria vê-los cair, o fogo e a fumaça espalharem-se pelo ar, eu era apenas uma criança. Se estivesse debruçada nesta janela ás 8:25 da manhã de 31 de Outubro de 1996, eu veria acontecer de fato a cena chocante que tantas vezes passou pela minha imaginação. Mas eu não estava. E, mesmo tendo a notícia chegado antes da nuvem negra se dissipar, não tive coragem de olhar o céu. Só mais tarde, quando o sol quase se punha, corri para a R. Luis Orsini de Castro. E o que vi, não gostaria de ter visto. Dezenas de corpos estendidos no asfalto quente. Sangue pela sarjeta. Destroços por todo lado, o cheiro de carne queimada e querosene. Eu era pouco mais que uma menina e corri para ver o que ninguém deveria ter visto. Mas nada disso me impediu de correr de camisola ás quase nove da noite, pelas ruas do Campo Belo quando um pequeno avião atingiu em cheio uma casa próxima á av. dos Bandeirantes em 2000. O isolamento já feito pelos bombeiros não me permitiu ver coisa alguma. Mas não dormi aquela noite.

Passeando pela periferia de Guarulhos, pendurado na fachada de um boteco, como um troféu, um pedaço de fuselagem. PT-LSD. Vomitei de nervoso. Até hoje, nunca quis ver as fotos dos corpos destroçados dos Mamonas. Quando meus pais foram visitar o Sr. Hildelbrando, não quis vê-lo. Fiquei no carro, chorando. Nunca a morte de pessoas tão distantes me deixou tão arrasada.

Eu já era adulta e costumava comprar cerveja e cigarros tarde da noite no posto Shell em frente ao Aeroporto de Congonhas. Mas durante o dia, quando meu pai parava para abastecer, suava frio cada vez que um avião se aproximava para o pouso. Eu via o choque. Via o piloto calcular mal a altitude e se chocar contra o morro da cabeceira. Via um avião na pista oposta perder o controle e cair sobre o posto que explodiria na mesma hora: eu nem veria a cara da morte.


(nessa hora entra o Bruno e meu MSN pula. De boa, tomei um susto filho da p*** e ME RECUSO a continuar escrevendo).

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