sábado, julho 28, 2007

PikeNices! no mundo dos adultos...

Hoje acordei, dei mamadeira pra PikTita, dei uma faxina e fui fazer o almoço. Minha mãe quase teve um troço quando entrou na cozinha e me viu ás voltas com panelas, facas, táubas, bacon..."O quê você tá fazendo?!" "Tô fazendo o almoço...Dá pra você me dar um voto de confiança aqui, ou tá difícil?"- dei risada.
Coitada, ela está com a cabeça tão cheia, que eu achei que poderia tomar essa iniciativa, já que ela havia dito que nem imaginava o que iríamos almoçar. Tive a idéia e botei as mãos na massa (literalmente). Só que, ao invés da mãe sossegar e ir cuidar das coisas dela, ficava aparecendo na cozinha de dois em dois minutos *risos*. Com certeza não estava botando uma fé no que iria sair dali...
E enquanto eu picava, cortava, temperava e mexia, ficava pensando que, a despeito da desconfiança da mamãe, aquilo deveria ser pra lá de natural. Com a minha idade e integridade física, é claro que eu seria capaz de preparar um almoço. Mas a lógica da minha mãe ainda me vê como uma garotinha, e uma garotinha mimada, que cresceu com cozinheira, ainda por cima.

E é verdade. Pra mim não deveria ser algo tão excepcional cozinhar, limpar e arrumar a cozinha. Mas pareceu. Parecia que eu estava fazendo algo que não cabia a mim fazer. Me senti exatinho como eu me senti na primeira vez que cozinhei macarrão com Aji-No-Moto: uma criança, fazendo coisas de adulto. Apesar de não ser a primeira vez, apesar de eu já ter morado sozinha e já ter tido responsabilidades domésticas antes, é sempre nesse momento (mais do que a maternidade, mais do que qualquer emprego), que eu mais percebo minha relutância em crescer, em virar "gente grande". Me sinto deslocada só em pensar que "já sou adulta". Não sei se isso é bom ou ruim, mas sei que é inevitável. E agora, casada de papel passado, com uma filhinha e prestes a encarnar de vez o papel de "dona-de-casa-mãe-de-família-esposa-e-mulher-trabalhadora", sei que não vai ter mais jeito de me ver de outra forma. A minha vida é isso agora. Não vou mais ser a filhinha. Vou ser a mamãe. Aliás, já sou. Consolidar isso é uma questão de tempo.

Todos comeram e gostaram do almoço que preparei. Ao final, lavei a louça e arrumei a cozinha. Ninguém disse nada, mas eu imagino que essa tenha sido uma forma sutil e definitiva de mostrar que as coisas mudaram: eu cresci.

Pra eles, e pra mim mesma.

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