quinta-feira, setembro 23, 2004

Princesa sabor cereja

...e se fosse?

Como praticamente toda a população feminina através dos tempos, eu quando era criança, também sonhava em ser uma princesa (N da R: é engraçado como a imagem da princesa é tão mais querida no imaginário infantil do que a da rainha..! Será por excessos de rainhas más nos contos de fadas?). Sonhava em usar uma tiara de brilhantes, de usar longos vestidos de cetim rosa, morar num suntuoso palácio e ter uma cama com dossel...Para mim, ser princesa era ser linda, admirada, era viver num mundo de pérolas e saber conversar com os passarinhos...Nos idos dos anos 80, a imagem da Princesa Diana, vestida com tailleurs e roupas de ginástica me decepcionavam amargamente.Ela não era uma princesa de verdade...ah, se fosse eu não sairia, a não ser para passear nos bosques encantados de meu reino, até que tivesse idade suficiente para me casar com meu príncipe...O príncipe! Na época de minha inocência ele não tinha rosto nem nome, mas certamente viria usando uma linda capa e empunhando uma espada...os cabelos soltos enquanto montava seu cavalo com uma postura que apenas um príncipe poderia ter...

Mas Diana continuou freqüentando academias e usando calças jeans, e eu ainda cedo, fui percebendo que as coisas não eram tão românticas quanto pareciam. "Princesas têm escravos"- disse meu pai um dia. E meu coraçãozinho cheio de idéias humanistas abandonou por um tempo aquela história de princesa. Pensei então que podia ser a princesa apenas de meu próprio lar - e me contentei em usar os longos vestidos de festa de minha mãe durante todo o tempo que estava em casa.

O tempo passou. Stéphanie de Mônaco e Diana de Gales se envolveram em várias fofocas e escândalos. Vitória da Suécia passou a sofrer de anorexia, e Ana Maria, a linda princesa cigana da Romênia foi obrigada a se casar aos 12 anos com um garoto de 15 que não amava, apenas para cumprir com uma tradição e compromissos políticos...E eu no meu brasilzão republicano, mais plebéia do que nunca, comecei a me preocupar em simplesmente escolher uma profissão qualquer para tirar o pão de cada dia. Aos 23 anos ainda me resta muito do gosto pelo glamour antigo dos palácios e mansões, das grandes festas e das roupas e jóias extravagantes. Me divirto me arrumando para casamentos e festas de gala. Passo muito tempo enfiada no Museu do Ipiranga, descendo e subindo as escadarias de mármore, passeando pelos balcões e jardins, tentando adivinhar a sensação de viver naquele palácio nos tempos da nobreza. E ainda hoje, na cara de pau de minha maioridade, não me censuro por gostar de longos vestidos de corte medieval, de usar tiaras falsas e colecionar espadas fantásticas. A qualquer momento, sempre que me dá na telha, posso me transformar na princesa dos sonhos de minha infância. E o faço, com prazer.

O príncipe? Esse chegou...Não veio num cavalo branco, mas que importa? ;)






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