-E eu já te contei de Jaci? Era uma criança branca que apareceu na tribo. Foi criada como filha por uma das índias, mas eis que depois de adulta, Jaci se apaixonou por seu irmão de criação e vinha todas as noites, protegida pela escuridão, amar-lhe em sua rede. Até que um dia, o jovem índio, querendo saber quem era a mulher que o acordava para amar, tingiu sua face com urucum, para descobrir durante o dia quem era a mulher com o rosto manchado. Jaci ficou muito envergonhada ao saber que seria descoberta, correu para a beira do lago, e ao ver nele seu rosto manchado refletido, decidiu fazer uma escada de flechas até o céu, para onde subiu, virou Lua e vem, uma vez por mês, olhar-se no lago para ver se seu rosto continua manchado...
- E o irmão dela? - perguntou, dando outra mordida na maçã.
-Se encantou na tristeza... Virou mutum, que é uma ave preta como a dor. Numa outra lenda, a criança branca cresce rejeitada e se atira nas águas do lago, de onde o deus Tupã a retira e coloca para brilhar no céu. São lendas, de qualquer forma. Histórias maravilhosas que já não importam se são verdadeiras: elas se mantém vivas enquanto contadas.
E algumas, são celebradas nas entrelinhas.
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